À noite as horas adormecem no relógio. Rodeado de livros e silêncio, o zumbido do Mac gravita sob a febril luz do candeeiro.
A noite – que labirinto de ruas acesas de escuridão!
Escrever? Falar dos meus antepassados cujas fotografias habitam os meus genes?
Quando nos vamos afastando de nós próprios e dos outros? O que somos na paisagem dos dias?
Estou sem respostas. Acudam-me: viajo com abutres pelo calendário do meu deserto.
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Quando nos afastamos de nós próprios e dos outros, isso serve apenas para, com a distanciação necessária, olharmos, vermos e percebermos, e percebermo-nos num enquadramento mais nítido.
Estás a fazer mais uma travessia no deserto (sim, acredito que esta não seja a primeira). É fundamental limparmos a mente e a alma dos argueiros que tiram a nitidez com que nos vislumbramos.
Passará, tudo passará (digo isto também p’ra mim, que tenho uma tendência louca para a asneira, isto é, para me culpar de inculpabilidades…)
Quando chegares ao lado de cá do deserto, dou-te um forte abraço…